Guerra contra a China ? Vai parar por ai ?

Política

A Aukus é uma aliança de defesa criada em 2021 por Estados Unidos, Reino Unido e Austrália, para se prevenir contra a China. Já não bastava a OTAN no oeste… E agora está caminhando para atrair novos membros, diga-se, o Japão. É uma dura realidade diante da grande chance de Donald Trump voltar à Casa Branca ou mesmo a invasão a Taiwan pela China.

Os secretários de Defesa americano, britânico e australiano redigiram um documento nesta segunda-feira (dia 08/04/2024): “Reconhecendo as forças do Japão e suas estreitas parcerias bilaterais com os três países, estamos considerando a cooperação com o Japão no Pilar 2 da Aukus para projetos de capacidade avançada”.

Na próxima quarta-feira (dia 10), o presidente dos EUA, Joe Biden, irá se reunir com o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, que no dia seguinte discursará no Congresso americano. Na quinta-feira, Biden receberá Ferdinand Marcos (o filho, não o pai que foi ditador), presidente das Filipinas, outro país que se considera ameaçado pela China.

O Pilar 2 da Aukus considera a transferência de alta tecnologia militar, como a computação quântica, inteligência artificial, guerra cibernética, armas submarinas e hipersônicas. O Pilar 1 não inclui o Japão por ora e se compromete a fornecer submarinos nucleares para a Austrália.

Aukus – Pilar 1

Os Estados Unidos ainda tentam a Índia, outro importante rival regional da China, que já faz parte do que eles chamam de QUAD. Esse bloco, criado em 2007 como um Diálogo Quadrilateral de Segurança (Quad) tem realizado exercícios militares gigantescos até mesmo para os EUA.   Mas ele não irá fazer a transferência de tecnologia militar, como a Aukus.

Desde a Segunda Guerra Mundial, a Constituição japonesa considera suas forças militares apenas de caráter defensivo. Mas, com a escalada das ameaças da China, da Coreia do Norte e Trump, de não querer colocar os Estados Unidos no meio dessa dispendiosa missão, o Japão tem se preparado para um futuro confronto.

Os integrantes da Aukus, no entanto, esperam que os japoneses aprovem novas leis de proteção de informação sensíveis para a segurança nacional, antes de firmar uma parceria de compartilhamento de tecnologia de uso militar com eles.

Donald Trump

Desde fevereiro, o governo japonês vem anunciando que irá propor projetos de lei para classificar as informações confidenciais com mais abrangência. E vai alocar mais de 20 mil agentes para a área de segurança cibernética.

Há ainda um outro bloco chamado “Cinco Olhos“. Ele é formado por Reino Unido, Austrália, Canadá e Nova Zelândia, além dos Estados Unidos. Esse grupo foi criado para compartilhar informações de espionagem favorecendo, é claro, os Estados Unidos. Apesar disso, Reino Unido e Austrália reclamam das restritivas leis americanas para o acesso desses e outros países à tecnologia de segurança nacional.

A expansão da Aukus, para o que já está sendo chamado de Jaukus, não deve parar no Japão. A corrida para ampliar a aliança, considerada uma ameaça pela China, lembra o que aconteceu com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) nos anos 90.

Naquele momento, a unificação da Alemanha e o fim da União Soviética levaram a uma corrida dos países do Leste Europeu em direção à Otan, para se proteger contra o recorrente expansionismo russo. As invasões da Geórgia em 2008 e da Ucrânia em 2014 e 2022 provaram que os temores daqueles países eram fundados.

Senkaku e Taiwan

Taiwan é o único país ameaçado de invasão pela China. Nas outras nações do Indo-Pacífico, a ameaça chinesa vai atrás de arquipélagos, como Senkaku, do Japão, e Spratly das Filipinas. Fora isso, a Força Aérea e a Marinha da China tem feito incursões agressivas próximo dali, com o intuito de controlar rotas de navegação, pesca e exploração de recursos minerais.

Dizem que experiência da Ucrânia mostra que é melhor se preparar para o pior. Por essa razão, alguns países do pacífico tem procurado uma forma de se defender sem provocar a agressividade da China.

Isso tudo seria lindo se os Estados Unidos, que tanto falam em democracia, simplesmente não ignorassem seus aliados ou mesmo a ONU, quando querem alguma coisa. As recentes invasões no Iraque e Afeganistão são mostras contundentes disso. A Rússia não parece estar tão errada assim. Não deve ser fácil viver num país com mísseis (entenda-se OTAN) apontados para sua cabeça, mesmo que seja uma cabeça dura. Os norte-americanos não demonstram o mesmo entendimento quando resolvem por alguma coisa que lhes seja interessante. Mas colocam os outros à testa do combate.

Hamas

E ainda temos Israel contra o Hamas, que vem provocando continuamente o Irã, Líbano e Síria (entre outros). Estamos bem próximos de uma hecatombe e quem vai pagar a conta, de novo, são os europeus e asiáticos, os verdadeiros escudos do mundo.

Já dizem os especialistas que estamos de volta à Guerra Fria. O cenário lembra muito a década de 1960 (Baía dos Porcos, Crise dos Mísseis…).

Até a década de 1970, a China era um país de viés agrícola e superpopuloso. Nixon viu nesse mercado um lugar bastante atrativo para os produtos norte-americanos ou mesmo produzí-los ali usando a farta mão-de-obra barata chinesa. Estreitou as relações com China (incluindo o não reconhecimento de Taiwan) e conseguiu o que queria. Só que a China não estava disposta a continuar agrícola e soube absorver muito bem a tecnologia que lhes foi enviada. Hoje ela é uma verdadeira potência mundial, sem maiores estardalhaços, com tecnologia própria e grandes empresas com alcance mundial.

Bandeiras do BRICS

A China sempre comeu pelas bordas e a Rússia deveria fazer o mesmo, ao invés de bancar o bandido de todos. Temos o BRICS, que já reúne as grandes potencias do leste como Rússia, China e Índia. As recentes adesões (Egito, Etiópia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Irã – a Argentina não quis) poderão formar um bloco comercial formidável, que poderá deter mais de 60% das riquezas do planeta. Imagine como ficaria esse bloco frente à OTAN. Ah sim, mas a OTAN é um bloco militar… E daí ? Ela só existe porque os interesses financeiros são enormes. O BRICS poderia fazer a mesma coisa, mas pelo poder comercial e unindo países inexpressivos, como formiguinhas, que podem contribuir fortemente para o Bloco. Será que funcionaria ?

 

Texto de Renzo Grosso e adaptações de notícias.

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