O Último Dia Da Primeira Guerra Mundial

Política

O que realmente acontece no último dia de uma Guerra Mundial?

Havia um entendimento de que a Grande Guerra, ou Primeira Guerra Mundial, acabaria às 11 horas da manhã do dia 11 de novembro de 1918, celebrado pelo Armistício de Compiègne, representando a rendição alemã e o fim da Primeira Guerra Mundial.

Fim da Primeira Guerra Mundial: general Ferdinand Foch (2º da dir,) e Matthias Erzberger (3º da dir,) assinam o Armistício de Compiègne – Foto: picture-alliance/dpa

O armistício foi acertado às cinco da manhã do dia onze, num vagão de trem. Os soldados e oficiais no front receberam a notícia, assim como os jornais, que imprimiram o texto mesmo antes do acordo (ou armistício) começar a valer, às onze horas.

Tanques Franceses na Primeira Guerra

Todos sabiam disso. Eles pararam de lutar pouco antes do horário combinado, mas muitos assassinatos, por assim dizer, aconteceram nos minutos finais: um francês, um britânico, um canadense e um certo americano que correu sozinho até uma posição ocupada por alemães, sem que ninguém soubesse o porquê.

Não houve muita comemoração de nenhum dos lados. Exércitos inimigos até interagiram um pouco entre si, mas não foi nada memorável, como o natal de 1914.

Um cabo britânico que estava no front às onze da manhã daquele dia declarou: “Os alemães saíram de suas trincheiras, curvaram-se nos cumprimentando, e foram embora. Foi só isso.”

Soldados no campo de combate

A vitória acabou sendo esvaziada por ter custado tanto e porque aquele conflito não teve sentido algum.  O fim de uma guerra tão longa, árdua e exaustiva não trouxe prazer a seus participantes.

Um pouquinho da Primeira Grande Guerra

A história de Primeira Grande Guerra é longa, muito longa. Era conhecida como a “Grande Guerra” (pelo menos até acontecer a outra, em 1939) e produziu uma infinidade de livros, filmes e teorias conspiratórias. Mas é interessante conhecê-la.   Alguns historiadores consideram que o fato relatado a seguir, ocorrido décadas antes da Guerra, teria sido um dos catalizadores do conflito.

Rudolph

Em um suposto pacto suicida (bem mal explicado) no ano de 1889, o herdeiro Rodolfo da Áustria (filho da Imperatriz Elisabeth da Áustria, mais conhecida como Sissi) e sua amante Mary Vetsera de apenas dezessete anos, produziram uma série de eventos que levaram ao assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando.   Como esse evento começou uma guerra ?   Simples:  Em 30 de janeiro de 1889, Rodolfo foi encontrado morto em seu quarto do pavilhão de caça de Mayerling, no que ficou conhecido como “Incidente de Mayerling”. Havia também a pistola que supostamente ele teria usado para se matar e, sobre a cama, o corpo da sua amante com uma bala na cabeça. Parecia um caso típico de pacto de suicídio, mas ninguém podia acreditar que Rodolfo, de trinta anos, pudesse se matar. Ele foi sepultado em 5 de fevereiro de 1889 na Cripta Imperial em Viena.

Mary Vetsera

Uma dessas teorias diz que a última imperatriz da Áustria, Zita de Bourbon-Parma (que reinou entre 1916 e 1918), teria dito que Rodolfo era a vítima de um golpe executado pelo serviço secreto francês, depois que ele se arrependeu em trair o seu pai, para sucedê-lo e isolar a Alemanha. Outras versões dizem que se trata de um simples caso de amor e ciúme, e que foi um crime organizado pela mulher de Rodolfo, Estefânia da Bélgica, pois este tinha intenção de deixá-la para se casar com Vetsera.

Além disso, as tentativas do governo austríaco para esconder detalhes do crime, além da presença de outras pessoas no local, levou a todos a pensar na versão de assassinato. Chegaram a dizer que o corpo de Rudolph tinha cortes, faltava uma das mãos e que os austríacos teriam posto luvas com recheio para fingir de mão.

Estefânia da Bélgica

Mas, o que isso tem a ver ?    Alguns historiadores dizem que “TUDO“.   Esse fato mudou a História da Europa e foi o início do fim do Império.    Rodolfo não teve um herdeiro homem (teve apenas uma filha) e sua morte interrompeu a linha sucessória ao trono austro-húngaro. Dessa forma, a coroa recaiu sobre o tio, o arquiduque Carlos Luís, irmão de Francisco José I, que renunciou ao trono em favor de seu filho, o arquiduque Francisco Ferdinando (Franz Ferdinand).  Ele viria a ser a figura principal da desestabilização entre a Áustria e facções nacionalistas.

Franz Ferdinand não era muito bom com os húngaros, ao contrário de Rodolfo que nutria forte sentimento graças à sua mãe.   Franz considerava o nacionalismo húngaro uma grande ameaça para os Habsburgos e tratava a Sérvia com muito mais cuidados.

Segundo os historiadores, os alemães queriam dominar a Europa e precisavam de uma boa razão para iniciar um conflito. Então, o assassinato do Arquiduque Franz Ferdinand deu a eles essa abertura.

Em 28 de junho de 1914, um domingo, por volta de 10h45, Franz Ferdinand e sua esposa Sofia, foram mortos em Sarajevo, capital da província austro-húngara da Bósnia e Herzegovina, pelo sérvio Gavrilo Princip, de 19 anos, membro do grupo terrorista Mão Negra, utilizando de uma pistola FN Modelo 1910, calibre .380, de fabricação belga. Os historiadores consideram esse evento como um dos que iniciaram a Primeira Guerra Mundial.   Gavrilo foi preso e sofreu um processo judicial pelo assassinato, mas ele era menor de 21 anos e não pôde ser condenado à morte. Assim, o sérvio foi sentenciado a 20 anos de prisão (alguns falam em perpétua). Ele morreu em 28 de abril de 1918 de tuberculose, agravada pelas péssimas condições da prisão. Apesar disso, ele é considerado um herói pelos sérvios e anarquistas e tem até uma estátua em Sarajevo !

A guerra acabou em 1918, com vitória dos aliados da França e grande derrota da Alemanha. Seguindo as cláusulas do Tratado de Versalhes, a Alemanha foi obrigada a ceder territórios e a reorganizar sua economia, além de ressarcir os países envolvidos, sobretudo a França. A recém-criada Liga das Nações optou por não submeter a Alemanha derrotada à indenização pelos danos da guerra, coisas que os vencedores do conflito não aceitaram.

Assassinato de Franz Ferdinand e Sofia

Oito milhões de pessoas morreram só nos primeiros cinco anos, sendo 1.800.000 alemães. Algo inédito em qualquer guerra na Europa.

Em 19 de setembro de 1918, um irritado general Erich Ludendorff escreveu ao comando supremo, já que este último não queria assumir nenhuma responsabilidade: “Pedi à Sua Majestade para colocar no governo também aqueles círculos a que principalmente devemos a situação em que estamos. Portanto agora veremos esses senhores assumirem os ministérios. Agora eles que tratem a paz que tiver de ser tratada. Eles que tomem a sopa que prepararam para nós.”

Segundo Ludendorff, esses senhores traidores eram as bancadas do Parlamento Alemão que, ainda em 1917, haviam pleiteado um acordo de paz. O marechal de campo Paul von Hindenburg também concordou com essa suposta traição.

Gavrilo Princip

Apesar disso, o 11 de novembro trouxe o fim da guerra que os europeus queriam. Mas não era o fim do sofrimento; ainda teriam privações, luto e outras coisas que se seguiram, agravados pela sensação de ter lutado em vão.

Esse sentimento inebriante levou os alemães a crer no discurso de um ex-soldado do front chamado Adolf Hitler. Quer mais ?

 

 

Texto de Renzo Grosso e adaptações de publicações como BBC, jornais, livros….

 

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